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Pelo Viés da Saúde ou da Economia: teremos que contar os mortos

26/03/2020

O debate sobre os desdobramentos dos impactos do Covid 19 continuam de forma intensa. Entre prós e contras esta no centro do debate o número de mortos, seja pelo o viés da saúde ou da economia. A análise é a seguinte: vamos contar os mortos, seja de um lado, seja de outro. Nosso país terá que fazer escolhas muitos difíceis e de forma urgente, mas uma coisa é consenso: vidas importam.

Estamos vivendo um momento muito complexo, minha análise é que existe em meio a crise, uma antecipação do período eleitoral e os discursos eleitoreiros, inflamados, só reforçam que existe uma falta de planejamento de curto prazo para que possamos sair dessa crise mais rapidamente. Essa instabilidade dos discursos de quem está gerindo o país em todas as esferas, seja federal, estadual e muita das vezes municipal só gera insegurança para a população e também dos setores produtivos do país.

Os gestores públicos dando sua contribuição para o caos aliado ao cenário incerto criado pelo avanço do Coronavírus  formam uma situação inusitada, nunca antes vista. Sim, esse vírus já mudou o mundo, pois trouxe desafios nunca antes vistos, a urgência de medidas nunca antes tomadas, tudo ainda é uma grande novidade. Diante de um cenário de tantas incertezas é natural também uma demora para entendermos quais serão todos os impactos, para as pessoas, para as empresas e para a sobrevivência de ambas.

Coronavirus

Coronavírus: contaminação crescente em todo o mundo gera insegurança e temor das mortes e consequências econômicas

Já ouvi muitos argumentos, nos grupos de whatsapp amigos empresários tem opiniões diversas. Mesmo em tempo de fake news e opiniões tão diferentes busquei formar minha própria opinião ouvindo argumentos de especialistas sérios, de pessoas da área da economia e da saúde e também ouvindo vários amigos empresários, entre pequenos e médios dos mais diferentes ramos de negócios. Minha conclusão é que ambos os lados tem razão na história, podemos ter uma explosão no número de mortos via infecção pelo Coronavírus e outros milhares de mortos via distúrbios sociais causados pela estagnação econômica como a quebra das empresas, fim dos postos de trabalho, aumento da fome, etc.

Remédio amargo

É notório que não temos uma fórmula pronta para a crise que se instaurou nessa história sem precedentes.  Medidas terão que ser tomadas frente ao avanço ou recuo da doença em nosso país.

Mas é importante analisar que outros países em que a Covid 19 chegou primeiro, já testaram algumas opções e deixaram lições importantes para todo o mundo. A China decretou o isolamento social como a principal medida de combate e saiu mais rápido da crise. Itália e Espanha demoraram apenas 6 dias de diferença para tomarem as medidas necessárias e vivem o caos. Reino Unido e os Estados Unidos optaram pela normalidade e o que estão vendo agora é a explosão em número de casos da doença, obrigado os governos a recuarem, adotarem medidas restritivas e de isolamento e distanciamento social.

Mesmo considerando as diversas diferenças estruturais, sociais e econômicas do Brasil frente a esses países, a pergunta que fica é: por que no Brasil um modelo diferente do que adota todo o mundo daria errado aqui? Ou ainda, por que um modelo já testado por outros países e que deu errado, daria certo aqui? Busquei analisar algumas argumentações e elas me pareceram muito fracas frente ao tamanho do problema.

Ou seja, ao que me parece, para o momento o isolamento e distanciamento social é a única medida comprovada que deu certo para achatar a curva do contágio da doença, para que não ocasione o colapso do setor de saúde e aumente sobremaneira o número de mortos, não apenas pela Covid 19, mas por outras doenças e acidentes que levam milhares de pessoas aos hospitais todos os dias. Sem condições de atendimento a maioria das pessoas ficariam sem atendimento e seriam largadas a própria sorte. Assim a tendência seria colecionarmos pilhas de mortos, sem inclusive lugar para enterrar. Isso não é brincadeira, isso não é falácia…isso está acontecendo no mundo inteiro e aqui não seria diferente, especialmente pelas condições de atendimento encontradas em nosso país.

Distanciamentosocial

Isolamento dos grupos de risco e distanciamento social é a única medida eficaz comprovada até o momento contra o Coronavírus

Mas Ricardo e a segunda onda, o colapso financeiro, a quebra das empresas? Sim, isso é outra grande preocupação, a recessão já é certa, muitas empresas já estão demitindo, muitas empresas já estão afundadas no buraco e na eminência de quebrar, os mais pobres já estão com sérias dificuldades e os distúrbios sociais vão acontecer. Isso é fato, isso não tem como fugir diante de uma crise global. Mas precisamos que assim como em outros países o Brasil abandone os conceitos conhecidos de meta fiscal, contenção dos gastos e de tudo que se planejou até agora e coloque o dinheiro para circular, liberando dinheiro para pequenos e médios empresários, autônomos, famílias de baixa renda, etc. A situação exige coragem para gerar novos recursos, como taxar grandes fortunas, captar valores que seriam destinados para o fundo partidário, diminuir os custos com pagamentos do funcionalismo, suspender auxílios de toda natureza pagos por todos os poderes, moratória da dívida pública, etc. Enfim, o cenário que é de guerra, exige medidas urgentes e do tamanho da proporção do problema.

Claro que as medidas não seriam ad eternum, seriam medidas para conter a curva de infecções e o colapso do sistema de saúde. A análise deveria ser continua, assim como a capacidade de alterar as ações já empregadas.

Sim meus queridos, o remédio é amargo, não existe solução fácil e realmente qualquer decisão vai exigir muita coragem de nossos gestores que precisam nesse momento deixar a disputa eleitoral de lado, serem mais proativos e mais ágeis na tomada de decisões, terem uma coordenação única e gerar confiança para a nação.

Assim como essa doença, cada dia tem sido de novidades, estamos aprendendo com a coisa acontecendo. Que possamos ter uma solução que possa repercutir nos dois lados, na contenção da doença e diminuição do número de mortos e também na proteção da economia, das empresas, da manutenção dos postos de trabalho e do bem estar social. Mas que possamos estar confiantes, otimistas, resilientes e com fé que esse será um momento transitório, passageiro e que em breve estaremos nos reconstruindo e atuando de uma forma muito melhor.

Futuro

Confiança, otimismo, resiliência e fé para uma crise temporária 

Vamos nesses tempos difíceis nos ajudar. Vamos comprar do pequeno, vamos divulgar o trabalho dos amigos, vamos com muita responsabilidade gerar uma rede de solidariedade que possa amenizar esse momento conturbado que vivemos.

Que Deus nos ajude!

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